Principais razões pelas quais os produtos falham

Da falha de necessidade do mercado até a falta de paixão dos fundadores, apresentamos neste artigo as principais razões pelas quais os produtos falham com base no artigo da CB INSIGHTS.

CB Insights é uma empresa privada com uma plataforma de análise de negócios e banco de dados global que fornece inteligência de mercado sobre empresas privadas e atividades de investidores.

Apesar do título original do estudo, The Top 12 Reasons Startups Fail, relacionamos essas falhas com o Produto associado e comentamos qual o papel e responsabilidade do Dono do Produto em cada assunto.

Imagem de video game com fundo azul. À esquerda superior algumas moedas e barra de vida à direita. Escrita em pergaminho no centro "GAME OVER"

Principais razões pelas quais os produtos falham

 

Sobre o estudo

Todos os anos, a CB Insights analisa centenas de startups que, por algum motivo, deixaram a sua operação e ‘fecharam as portas’. Essa análise traz dados valiosíssimos quanto às principais razões do porquê esses produtos não conseguem alcançar o sucesso.

 

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A pergunta principal do estudo é: Porque as startups falham? Através da análise de centenas de dados, foi possível identificar um padrão nos resultados e assim identificar as 12 principais razões pelas quais isso acontece.

Como diversos produtos falham pela mesma razão, os números percentuais dos motivos excedem os 100%.

As informações recebidas foram dos próprios empreendedores, dos quais compartilharam suas experiências e contribuíram para o enriquecimento da informação.

 

As 12 principais razões pelas quais as startups e seus produtos falham

Apesar do título original do estudo estar relacionado às falhas das startups, correlacionamos essas falhas ao Produto entregue. Isso porque todas essas empresas construíram Produtos para resolver um ou mais problemas reais aos seus usuários.

Título "Top reasons startup fails" com a lista de itens ordenadas do maior para o menor conforme texto do artigo

As 12 principais razões pelas quais as startups e seus produtos falham

Para cada motivo citado, vamos comentar sobre o papel do Product Owner no assunto (quando aplicável) e como ele pode contribuir para evitar tais impactos. Os textos destacados foram literalmente retirados do artigo original.

 

1. Ficou sem dinheiro/falha em levantar capital – 38%

O topo da lista é puxado pela falta de dinheiro e/ou falha em levantar o capital necessário para investimento da operação. Esse motivo é apresentado em mais de um terço dessas novas empresas.

Neste ponto, toda ou maior parte da responsabilidade em buscar este capital é dos fundadores da organização. Ainda assim, o Dono do Produto pode contribuir em alguns aspectos:

  • Ajudar a fomentar e fortalecer a proposta de valor do produto
  • Apoiar na discursão de novas formas de monetização, aumentando capital próprio
  • Elaboração de bons Product Discovery buscando o MVP do Produto como um todo e também de novas implementações de Épicos, reduzindo custos e incertezas

2. Não há necessidade de mercado – 35%

Enfrentar problemas que são interessantes de resolver, em vez daqueles que atendem a uma necessidade do mercado, foi citado como o motivo número 2 para o fracasso, observado em 35 % dos casos.

Apaixonar-se pela ideia ao invés de observar os usuários e os reais problemas é um equívoco recorrente das novas empresas. Por conta disto, o PO deve ser apaixonado pelo problema, dores e necessidades do mercado.

É também imprescindível centralizar nossos outcomes nos usuários, conhecer bem o público-alvo e mapear as personas ideais para o produto.

3. Foi superado – 20%

Apesar dos chavões de que as startups não devem prestar atenção à concorrência, a realidade é que, uma vez que uma ideia fica quente ou é validada pelo mercado, outras podem tentar capitalizar a oportunidade. E embora a obsessão pela concorrência não seja saudável, ignorá-la também foi uma receita para o fracasso em 20 % dos fracassos das startups.

Analisar o mercado e o produto do concorrente também faz parte das atividades do Product Owner. Devemos sempre nos perguntar porque determinada feature do concorrente foi entregue, entender o seu valor para nossos usuários e agir.

É importante também analisar as métricas do produto (ex.: taxa de retenção e churn) com a finalidade de entender os motivos de eventuais perdas de clientes. As alternativas de ações nesse sentido podem ser:

  • Adaptação do produto ao mercado aplicando sessão de Product Discovery
  • Focar em determinado nicho de mercado/segmento não atendido
  • Procurar diferenciais estratégicos do produto
  • Criar iniciativas para melhorar as taxas de retenção e aquisição

4. Falha no modelo de negócio – 19%

Compreender como a organização cria, entrega e captura valor através de seus produtos é um ponto importantíssimo para todo e qualquer negócio. Negligenciar isso é perder oportunidade de mercado ou assinar uma carta prévia de falência.

O Dono do Produto não é o principal e muito menos o único a gerar um Modelo de Negócio. Normalmente, é iniciado pelos fundadores e construído com o tempo pelo time. Apesar disso, nós podemos contribuir em diversos aspectos:

  • Mapeando parcerias-chave no mercado para o produto
  • Encontrar novas ou diferentes formas de atividades-chaves que o produto realiza
  • Aumentar a proposta de valor entregue aos usuários
  • Melhorar a forma como nos relacionamos com o cliente
  • Mapear outras oportunidades de canais de venda e distribuição
  • Aumentar o mercado através da busca de segmentação de novos clientes
  • Encontrar diferentes e criativas fontes de receitas
  • Na estrutura de custos, o PO pode contribuir encontrando formas de redução de custos e/ou mitigação de impactos dos riscos nas receitas

5. Desafios regulatórios/legais – 18%

Questões legais são frequentemente ligadas aos produtos que entregamos. Todo produto passar por algum desafio regulatório, fiscal ou legal.

O Product Owner precisa ficar atento a essas questões desde a concepção do produto até a sua precificação (monetização). Desconsiderar isso pode acabar ficando muito caro mais tarde.

A estratégia de expansão também precisa identificar a regulação local. O PO pode e deve fazer parte destas decisões junto à gestão para tomada conjunta destas decisões.

6. Problemas de preço/custo – 15%

A precificação é uma arte obscura quando se trata de sucesso de uma startup. Os “produteiros” destacam a dificuldade em precificar um produto alto o suficiente para eventualmente cobrir os custos, mas baixo o suficiente para atrair clientes.

Precificar um produto não é uma atividade simples e precisa ser pensada para não correr riscos mais tarde. Essa precificação é totalmente uma decisão estratégica e também vai permear o sucesso ou insucesso do meu produto.

O PO não é e nem pode ser o principal responsável pelo assunto. Entretanto, ele deve ser capaz de levantar e informar dados relevantes para decisão junto aos executivos:

  • Custos da operação
  • Perfil do público alvo para identificação de quanto podem pagar
  • Tamanho do mercado
  • Preço dos concorrentes
  • Forma de monetização

Além deste apoio, o Dono do Produto pode buscar oportunidades para redução de custos do produto e outras formas de monetização, contribuindo também para precificação mais atrativa.

7. Não é a equipe certa – 14%

Uma equipe diversificada com diferentes conjuntos de habilidades foi frequentemente citada como fundamental para o sucesso de uma empresa. Muitas vezes lamentavam que “gostaria de ter um CTO desde o início” ou desejava que a startup tivesse “um fundador que adorasse o aspecto comercial das coisas”.

O PO pouco pode contribuir neste ponto. Entretanto, reforço que a capacitação através de cursos, certificações, leitura e aprofundamento nos assuntos vai permitir gerar oportunidades valiosíssimas para o Produto no crescimento da organização.

8. Produto lançado no tempo incorreto – 10%

Se você lançar seu produto muito cedo, os usuários podem considerá-lo insuficiente, e recuperá-lo pode ser difícil se a primeira impressão de você for negativa. E se você lançar seu produto tarde demais, pode ter perdido sua janela de oportunidade no mercado.

Já falamos bastante neste e em outros artigos sobre a necessidade do Product Owner em compreender o escopo e momento do mercado. Por isso, sua contribuição neste sentido é também aproveitar as oportunidades e buscar a priorização de determinadas features no momento oportuno.

A exemplo da pandemia – que nos fez mudar os costumes, a forma como trabalhamos e nos relacionamos – entender essas mudanças contextuais no tempo certo são requisitos comportamentais de capacidade de análise e adaptabilidade que todo PO deve possuir.

9. Produto ruim – 8%

Às vezes, tudo se resume ao produto – e um defeituoso foi suficiente para afundar empresas em 8% dos casos.

A qualidade do produto é em grande parte responsabilidade do Dono do Produto. Isso porque o seu papel neste sentido se destrincha em dois grandes pontos:

  1. O PO deve garantir o Produto certo nas mãos do usuário correto, provendo o entendimento correto das necessidades, mapeamento das personas, aprofundamento do problema visando atender a estas necessidades da melhor forma possível.
  2. Por outro lado, o Product Owner é também um dos principais (se não o principal) responsáveis pela qualidade do produto. Ele deve ter a capacidade de orientar o Backlog pela qualidade ordenando itens de melhoria, débitos técnicos, bugs/defeitos e requisitos não funcionais.

10. Desarmonia entre equipe/investidores – 7%

A discórdia com um cofundador foi um problema fatal para as empresas iniciantes. Mas a acrimônia não se limita à equipe fundadora. Quando as coisas vão mal com um conselho ou investidor, pode ficar feia rapidamente.

11. Falha em pivotar – 6%

Em startups e novos produtos, pivotar é a tentativa de girar em outra direção / testar novas hipóteses, mas mantendo sua base para não perder a posição já conquistada.

“Ajustar a rota” para outro sentido faz parte da rotina das organizações, das premissas ágeis e do Product Owner. Nesse sentido, observar o que meus usuários realmente precisam e redirecioná-los para outro produto (ou o produto para outro público-alvo) deve ser uma decisão estudada e pensada em conjunto com os executivos.

O Dono do Produto pode apoiar na análise do Modelo de Negócio, aproximação com usuários através de pesquisas e levantamento de requisitos, aprofundamento do mercado, revisão das personas e troca de conversa com os concorrentes.

12. Exausto/falta de paixão – 5%

O equilíbrio entre vida profissional e pessoal não é algo que os fundadores de startups costumam obter, portanto, o risco de esgotamento é alto. Burnout foi dado como motivo de falha em 5% das vezes.

A capacidade de reduzir suas perdas quando necessário e redirecionar seus esforços quando você vê um beco sem saída – ou não tem paixão por um domínio – foi considerado importante para ter sucesso e evitar o esgotamento, assim como ter uma equipe sólida, diversificada e motivada para que as responsabilidades possam ser compartilhadas.

Como PO apaixonado pelo que faço, meu conselho aqui é seguir a frase de Confúcio:

Escolha um trabalho que você ame e não terá que trabalhar um dia sequer na sua vida

 

Referências

 

 

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