Product Discovery na prática: Papéis, atividades e artefatos

Muito se fala sobre o que é Product Discovery (Descoberta de Produto), seus objetivos e quando fazer. Porém, tem muito pouco conteúdo disponível sobre os papéis, atividades e artefatos de uma sessão de PD na prática.

Criamos este artigo para te ajudar a conduzir uma sessão de Product Discovery com as ferramentas, técnicas e equipe ideal. Vamos aprender também a responsabilidade de cada função e artefatos gerados em cada fase da Descoberta de Produto.

Imagem visualizada por cima diversos membros do time de Product Discovery ao redor da mesa com desenhos de ideias, gráficos e direcionamento

Product Discovery na prática: Papéis, atividades e artefatos

 

Rápida definição de Product Discovery

Se você não sabe muito sobre descoberta de produto ou pra que serve, recomendo que você dê uma lida rápida em outro artigo do nosso site que fala sobre o objetivo, quando executar e as definições de cada etapa do processo.

Como o próprio nome indica, o Product Discovery é um conjunto de atividades, técnicas e ações que tem o objetivo de descobrir aquilo que não se sabe sobre um eventual produto a ser criado ou melhorado.

 

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A descoberta de produto ajuda o time a realizar tomadas de decisões mais assertivas antes de sair construindo produto, reduz risco de entrega sem valor de negócio e visa descobrir a melhor forma de atender às necessidades do negócio e usuários.

A Descoberta de Produto é o processo que nós, Donos do Produto, utilizamos para descobrir se o produto a ser criado está no caminho certo, descobrir os riscos, viabilidades, reduzir incertezas e refinarmos ideias.

O Product Discovery é recomendado quando não temos conhecimento do problema/necessidade em que visualizamos a oportunidade e precisamos descobrir mais a respeito.

 

Preparação da sessão de Descoberta de Produto

Um dos ingredientes essenciais do sucesso é a preparação. Isso vale para a carreira, profissão, vida e certamente valerá para o PD.

Por conta disto, é imensamente importante que o Product Owner e demais responsáveis deixe tudo preparado a fim de que as cerimônias ocorram com fluidez e facilidade, além de contribuir para o sucesso das atividades e maior produtividade.

Equipe

O Product Discovery é uma atividade colaborativa. Por conta disto, é importante que a elaboração do ambiente, recursos, dinâmica e ferramentas permita a participação de todos os envolvidos.

O principal participante do PD é o Product Owner (ou similar), pois ele é responsável pelo Backlog do Produto, bem como o sucesso do Produto e centralização nos usuários.

Além do PO, é importante que o profissional de UX e/ou UI ou similar faça parte para pensar na experiência do usuário e colaborar na protipação.

A figura de um representando de desenvolvimento (normalmente o líder técnico) é também altamente recomendado para dar apoio e suporte a assuntos relacionados à tecnologia. Time de arquitetura, dados e infraestrutura também podem fazer parte.

Por fim e não menos importante, as partes interessadas (stakeholders), usuários, clientes internos, marketing, atendimento e demais envolvidos no sucesso do produto também são muito bem vindos.

Agenda e Espaço

Uma sessão de Product Discovery pode durar entre 1 a 4 semanas a depender da maturidade do entendimento e do processo. Quanto menor e mais rápido o processo rodar, melhor!

É importante que seja informado com antecedência e que seja garantido que tenha agenda e espaço disponível para participação de todos. Por isto, o PO ou o moderador precisa se atentar aos seguintes pontos:

Sala Física: É importante reservar uma sala de reunião equipada com as ferramentas, mesa e cadeiras de acordo com o tamanho do time que vai fazer parte. É interessante que o espaço seja o mais agradável possível.

Sala Virtual: Em tempos de mudança de hábitos devido à pandemia e com o aumento de Home Office, é natural que encontros podem ocorram remotamente. A ideia aqui é escolher a melhor ferramenta para este encontro ou utilizar alguma disponível pela organização.

Horário: É importante agendar as cerimônias com 1 ou 2 semanas de antecedência para que todos possam se programar. Com relação à duração, é recomendado que as sessões durem entre 4h e 8h de trabalho – isso vai depender da disponibilidade de cada membro em cada fase.

Ferramentas

Para reuniões em sala física, é importante que a sala esteja equipada com quadro branco (ou similar) e canetões para anotações, bem como post-its e canetas. É interessante que a sala contenha pelo menos um notebook e uma tela/televisão que seja possível a apresentação a todos.

Para reuniões virtuais, é natural que sejam utilizadas ferramentas de vídeo conferência, ex.: MS Teams, Zoom, Google Meet, Skype, Whereby, entre outros.

Ainda sobre agendas virtuais ou híbridas, é possível utilizar qualquer produto de colaboração que possa ser compartilhado e preenchido por todos, tais como:

  • MS Excel ou Google Planilhas
  • Slack
  • Miro
  • Trello
  • Monday
  • Draw.io
  • Google Drive

A lista para utilização de ferramentas de colaboração em tempo real é infinita e a sua escolha vai depender do que fizer mais sentido.

Cada fase do PD vai requerer outras ferramentas digitais ou físicas – a exemplo da fase de validação para realização de protótipos e criação de formulário para a fase de pesquisa.

 

Responsáveis e entregáveis por fase do Product Discovery

Este é o momento de reunir a equipe ideal, na agenda e espaço agendado, utilizando e preenchendo as ferramentas de colaboração e construção.

Cada fase da Descoberta de Produtos deve ter entrada, processos e saídas. Essas atividades possuem os responsáveis pela sua condução e entregáveis esperados. Vamos abordar cada um deles a seguir:

 

Exploração

A ideia aqui é explorar a fundo aquilo que não se sabe, tais como: dores e necessidades, usuários/personas, contexto de negócio e demais assuntos que podem impactar indiretamente o produto como questões legais, não funcionais e viabilidade.

 

Ciclo de exploração com as fases de Oportunidade, Pesquisa e Avaliação

Product Discovery – Exploração

Ideia / Oportunidade

Definição: Tudo começa a partir de uma oportunidade de negócio percebida pelo Dono do Produto. Ideias, problemas e oportunidades podem surgir de diversas fontes, tais como necessidades dos usuários, OKRs, problemas de negócio e do produto, análise de dados, análise do mercado e concorrentes.

Responsáveis: O PO é o principal responsável nesta etapa, conduzindo o processo de gestão das ideias, apresentação das ideias e oportunidades a depender da fonte e organizando a dinâmica. É importante que os demais integrantes estejam presentes nesta etapa para entender o escopo cada item da lista.

Artefatos: A saída desta etapa são as ideias/oportunidades listadas com algumas informações básicas quanto à descrição, dor e ganhos/benefícios. Esse pode ser organizado como o backlog de ideias.

Pesquisa

Definição: Bastante conhecido na disciplina de UX Research ou na Engenharia de Requisitos, é um conjunto de técnicas que busca investigar com profundidade um assunto, problema, resposta e/ou situação ainda não conhecido.

Responsáveis: O profissional de UX / UX Research é o principal papel nessa etapa em conjunto com o Dono do Produto. É possível também que o time de atendimento ao cliente e marketing contribua no levantamento e os clientes e usuários presentes cooperem com eventuais respostas.

Artefatos: Utilizando as técnicas de levantamento de requisitos, o resultado desta etapa deve prever uma lista de itens que vão apontar com mais detalhe de dor, contexto e necessidade cada oportunidade/ideia. Pode sair também formulários de pesquisa preenchidos e o desenho da persona ideal.

Avaliação e agrupamento

Definição: Uma vez que os problemas e necessidades estão mapeados, é hora de agrupá-los por semelhanças e priorizar cada um dos itens levantados através da percepção resgatada pela pesquisa realizada.

Responsáveis: Os responsáveis e envolvidos nesta etapa são os mesmo que a pesquisa. Aqui todo o time, puxado pelo Product Owner, pode colaborar com a percepção de valor do produto ao negócio e aos usuários.

Artefatos: Em continuidade ao artefato gerado pela pesquisa com os problemas e dores, a ideia é que estes sejam agrupados por semelhança e priorizados de acordo com o valor percebido.

Validação

Partindo do problema mapeado e conhecido, a fase de validação é o momento em que os problemas e hipóteses mapeados são validados a partir de projeções, mapeamento de jornada e protótipos.

O objetivo aqui é projetar experimentos para validar se nossas percepções dos problemas e supostas soluções realmente reduzem as dores dos usuários.

Ciclo de Validação com as etapas de prototipação, Teste e Aprendizado/Conclusão

Product Discovery – Validação

Protótipo

Definição: Chegou o momento de gerar ideias de soluções para cada item priorizado. Nesse sentido, o grupo deve começar a desenhar, com as ferramentas disponíveis, diversas propostas de soluções. O objetivo é que sejam mapeadas a maior quantidade possível de propostas.

Responsáveis: Liderado pelos profissionais de UX, UI e Time de Desenvolvimento, estes coordenarão eventuais ideias utilizando as diversas técnicas possíveis de prototipação, além de avaliar a viabilidade técnica. Essas técnicas podem ser protótipos de interface de baixa/alta fidelidade, redesenho de fluxo/jornada, redesenho de arquitetura, entre outros.

Artefatos: Os artefatos aqui podem ser diversos possíveis a depender da técnica utilizada, tipo de protótipo e ferramenta. Exemplos de artefatos: desenho de fluxo BPMN, rabiscos em papéis, protótipos em papéis ou digitais, modelagem de dados (MER/DER), desenho de arquitetura, entre outros.

Teste

Definição: O objetivo aqui é colher feedbacks dos usuários e procurar entender se as propostas de solução realmente sanam em parte ou total suas dores. Essa é a etapa de validação dos protótipos criados. Com os protótipos realizados, mapeados e selecionados, é o momento de testar se a hipótese levantada para o problema/necessidade encontrado é verdadeira.

Responsáveis: Essa etapa deve ser puxada pelos profissionais de UX / UI e o Dono do Produto junto aos usuários presentes ou personas mapeadas. O time de atendimento também pode ajudar nesta colaboração.

Artefatos: O resultado desta atividade é o preenchimento de eventuais formulários de percepção preenchidos. Também é esperado que os indicadores de sucesso sejam analisados e documentados se as soluções confirmam a redução das dores e aceitação.

Aprendizado, invalidação e conclusão

Definição: Por fim, chegou o momento de validar ou invalidar as ideias geradas, entender se o as dores e necessidades, bem como as hipóteses e propostas de soluções obtiveram o sucesso esperado.

Responsáveis: O Product Owner é o principal responsável por esta etapa, pois é o momento de entender se o resultado dos testes confirmam ou não o saneamento das dores.

Artefatos: A primeira saída esperada é a lista de problemas e/ou soluções invalidados. O outro artefato é o conhecido Backlog do Produto, do qual deve ser atualizado com os novos itens extraídos através do resultado do Product Discovery.

 

Fim do Product Discovery. O que vem depois?

A Descoberta de Produto é cíclica e pode ser realizada até que existam oportunidade/problemas a serem mapeados, até que exista hipóteses a serem invalidadas ou invalidadas e até que exista possibilidades de propostas.

Somado a este ponto, entendemos que o produto precisa ser constantemente adaptado para que se perpetue o seu Ciclo de Vida no máximo possível e mantenha o seu crescimento constantemente.

Por conta disto, é esperado que uma organização com cultura de produto seja orientada à descoberta e evolução deste produto – não baseada em Projetos, mas com foco na solução e resolução de problemas.

O Product Discovery é também uma ótima oportunidade para mapear o MVP de novas soluções que buscam o desenvolvimento enxuto e feedback constante.

Por fim, o resultado da exploração e validação da descoberta deve servir de insumos para criação/atualização do Roadmap das entregas com base nos resultados (outcomes) percebidos durante o PD.

 

Referências:

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